Correr para quê?

A corrida vem se popularizando cada vez mais no Brasil e está entre as melhores opções para balançar o esqueleto, pois, além de ser um esporte relativamente barato, traz diversos benefícios para o corpo, principalmente para o aparelho cardiovascular e para o metabolismo, como explica o mastologista da Unimed-BH, Regis Leite L'Abbate, que é atleta amador e estudioso do assunto. Além disso, segundo o profissional, há estudos que apontam que a prática de atividade aeróbica moderada e a longo prazo pode aumentar a expectativa de vida em até seis anos.

‘A atividade aeróbica, em geral, promove uma melhora na capacidade cardiorrespiratória, abaixando a pressão arterial e a frequência cardíaca. Dessa forma o coração passa a trabalhar de forma mais eficiente e, portanto, menos sujeito a problemas como o infarto e a hipertensão arterial. Com a corrida também temos o benefício de manutenção do peso corporal, além do predomínio de massa muscular e redução do tecido gorduroso, o que propicia a diminuição ou um melhor controle dos níveis de colesterol e açúcar no sangue’, esclarece. 

 Para quem está começando a correr ou pretende iniciar a atividade em breve, o ideal, de acordo com o médico, é alternar períodos de caminhada e corrida (por exemplo: 2 minutos de caminhada por 1 minuto de trote leve), por cerca de 20 ou 30 minutos. Aos poucos os períodos de caminhada podem ser diminuídos até que a pessoa consiga correr continuamente.

 Outra recomendação é que os corredores evitem os momentos mais quentes do dia – das 10h às 16h -, mas apesar de diversos estudos analisarem o melhor horário para a prática de exercícios, ainda não há informações conclusivas. ‘O mais importante é estar bem disposto e fazer uma refeição leve pelo menos uma hora antes do exercício. Correr em jejum ou após uma grande refeição deve ser evitado’, afirma.

 E, atenção, mulheres! É bom fugir das corridas intensas no início da gravidez, quando o esforço pode causar um aborto. ‘Pela constituição física, as mulheres estão um pouco mais propensas a determinados problemas articulares, principalmente na região da bacia. Deve-se também prestar atenção a uma adequada sustentação das mamas, principalmente das mais volumosas, no sentido de diminuir o possível desconforto pela corrida. É importante o uso de "tops" ou sutiãs esportivos que promovam uma sustentação adequada.

 Ah! E o médico ressalta que pessoas obesas ou com problemas ortopédicos e cardiológicos mais sérios devem dar prioridade a atividades compatíveis com sua condição física.

 De olho na saúde

 Mas, como qualquer outro esporte, a corrida também exige alguns cuidados. O médico chama atenção para o fato de que as pessoas que desejam começar a praticá-la – ou que já correm, mas não se preocupavam com isso – devem fazer uma avaliação para checar se estão aptas a correr com segurança. ‘Pessoas com sobrepeso ou com histórico de problemas ósteo-articulares também precisam passar por uma avaliação ortopédica e corredores com mais de 35 anos, sejam homens ou mulheres, devem, obrigatoriamente, passar por uma avaliação cardiológica que inclua um teste ergométrico’, explica.

 Além disso, pessoas com doenças cardiovasculares devem fazer acompanhamento cardiológico rigoroso, enquanto os diabéticos precisam ter um cuidado especial ao percorrerem longas distâncias, já que suas reservas de carboidratos são menores. ‘O ideal é procurar um grupo especializado nesse tipo de atividade e também é importante escolher um par de tênis adequado ao peso e ao tipo de pisada do corredor’, diz.

Pisada?, você pode estar se perguntando. Sim, cada pessoa tem um jeito de tocar o solo, de acordo com o formato de seu pé. E os tênis de corrida são produzidos para se adaptarem às diferentes pisadas. A escolha correta minimiza a possibilidade de lesões, já que diminui o impacto durante a atividade. Outra questão importante é trocá-lo a cada quatro, cinco meses, se os treinos forem realizados com regularidade e alterar pares diferentes se as corridas forem feitas todos os dias.

 As lesões

 L'Abbate explica que as principais lesões causadas pela corrida têm origem no excesso. Segundo ele, correr distâncias muito longas ou com intensidade maior do que estamos preparados são os fatores que mais causam lesão. ‘O corpo leva um tempo longo para se adaptar ao esforço intenso de uma corrida, seja ela longa ou rápida, portanto, o progresso deve ser gradativo e mais lento quanto maior for a idade do atleta. Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode correr uma maratona, mas considera-se que isso só seja seguro após dois anos de treinamento constante’, afirma.

 Entre os principais danos sofridos por corredores podem ser citados:

* fascite plantar (dor na planta do pé);

* canelite (dor na região interna da canela, devida à inflamação do periósteo de tíbia);
* fratura por estresse (evolução de uma canelite não tratada);

* joelho "do corredor" (dor na região inferior do joelho, abaixo da patela);

* síndrome da banda ílio-tibial (dor na região lateral da coxa, estendendo-se até a região lateral do joelho);

* artrose e bursite do quadril;

* estiramentos e contraturas musculares em geral.

 Outros cuidados

É bom lembrar, segundo o médico, que a maioria dessas lesões pode ser evitada com moderação nas atividades e respeitando o progresso. Não se deve, por exemplo, correr com dor ou sob efeito de analgésicos e antiinflamatórios, pois uma lesão simples pode se agravar e levar a uma imobilidade de meses.

Também é preciso prestar atenção às roupas utilizadas na hora do exercício. ‘Elas devem ser leves, de preferência dos chamados tecidos dry fit, que promovem boa dispersão do calor e suor produzidos durante a corrida. Treinar agasalhado com o intuito de suar mais para perder mais peso é extremamente perigoso, pois pode causar hipertermia e desidratação graves’, ressalta.

Um equipamento que também ajuda a manter o organismo saudável é o frequencímetro, aquele relógio com monitor cardíaco associado, que ajuda o corredor a manter-se dentro da frequência cardíaca apropriada para a sua idade e nível de preparo físico, evitando sobrecarregar o coração e, ainda, aumentando a eficiência do treinamento. ‘Não podemos nos esquecer de falar sobre a hidratação, que deve ser feita antes, durante e depois das atividades, de acordo com a distância da corrida’, lembra o médico.

 Se a prática for curta (cerca de 30 minutos), não há necessidade de hidratação no período da atividade. Nas corridas com até uma hora, a hidratação pode ser feita por meio da ingestão de água – que deve ser tomada em pequenas porções (de 150 a 200 ml a cada 20 minutos). Já em relação aos trechos mais longos, com mais de uma hora, a hidratação deve começar no dia anterior e o corredor também pode ingerir bebidas isotônicas. ‘Deve-se adequar o volume de líquido ingerido com a temperatura e umidade ambiente, e com a intensidade da corrida. É importante dizer, também, que o excesso de hidratação pode levar à diluição dos sais minerais do sangue, causando um quadro grave de hiponatremia, que é a baixa de sódio no organismo e pode levar à queda da pressão arterial, tontura e confusão mental, além de contrações musculares involuntárias, convulsões e, em casos extremos, choque e morte.

 E então? Agora que você já sabe um pouco mais sobre a corrida, que tal dar uma corridinha, hein?

 Fonte: Fabiana Marques Nogueira - Unimed do Brasil